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Macapá, Amapá, Brazil
Bem-vindos ao blog do Coletivo Psicodélico!Aqui vocês podem acompanhar um pouco dos nossos trabalhos experimentais voltados para as diversas vertentes que permeiam as Artes Visuais,discutindo,refletindo, questionando, e trocando idéias entre os produtores do ramo,apreciadores e aqueles que tem afinidade com o mesmo,podendo trocar idéias baseadas em obras desenvolvidas dentro da vídeoarte, performance, fotografia e instalação, e o que tem predominado no blog: Os escritos cotidianos... Sintam-se á vontade para criticar e sugerir, estamos aqui pra isso, e somos assim, eternas aprendizes. Abraços de Emmi Barbosa, Fiama Glíssia e MAPIGE, as pisicodélicas que fazem parte desse coletivo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quem é o expectador?

Texto e fotos por Emmi Barbosa;


É fácil criticar o trabalho de um artista, dizer o que é bonito ou feio, ou então separar o que é ou não arte. Na verdade, este ser observador e ‘crítico’, de certa forma, cujo é conhecido como expectador tem um papel de extrema importância em exposições de arte, porém, nem todos seguem o mesmo caminho, nem sequer pensam da mesma maneira. Quem é o expectador, afinal de contas? Ah, todos são, eu, você, o matemático, o físico, o engenheiro, o motorista e cobrador de ônibus, a doméstica, o cabelereiro, o padeiro, o médico, o historiador, a secretária, enfim, somos apreciadores, porém, o que eu vejo não é o mesmo que você, eles ou elas veem, e isto se torna instigante justamente por esses olhares serem diferentes, o que acaba gerando discursos diversos e debates constantes no ramo artístico, sendo esta a engrenagem. Tem vários tipos de expectador: aquele que vai ‘forçado’, vê tudo apressadamente e quer ir embora o quanto antes, como se fosse uma tortura com direito á forca, e tudo o mais, rs. Como se fosse uma espécie de obrigação, castigo ou algo do gênero.  Tem aquele que se envolve de forma surreal com as obras e se encanta a cada passo que dá dentro do museu ou galeria (que pode ser o meu caso), e se pudesse, moraria lá, de tão prazeroso que é poder olhar para trabalhos que foram produzidos cautelosamente, em períodos diferentes da história, sendo alguns de uma simplicidade magnífica, mas que acabam se tornando complexos de tal forma, porque ás vezes nos deixam confusos por não ser tão óbvio, o que nos leva a pensar e refletir por um longo tempo e outros pela riqueza de detalhes tornam-se colírios para os olhos, sendo de certa forma, perfeitos por ocasião. E abordam assuntos que fazem parte do nosso cotidiano, mas que passam, em sua maioria, despercebidos naquele caos diário e ficam quase que completamente camuflados para certos indivíduos, e só quem tem aquele ‘olhar’ e sensibilidade suficientes consegue transmitir e propor debates por intermédio da arte e suas possibilidades, podendo utilizar os materiais mais inusitados possíveis, que é o que tem ocorrido na arte contemporânea. E me pergunto como pode ter indivíduos que não se simpatizam com exposições de arte? Hein, diga-me! Não consigo entender...


Tem aquele que sai procurando defeitos ou critica qualquer mínimo detalhe, tanto nas obras como no próprio espaço expositivo, dizendo que nada é novidade e tem quem diga que faz o mesmo até de olhos fechados, eu já ouvi e disse muito isso, é eu confesso, mas na maioria vem á minha mente o seguinte: ‘caramba, por que não pensei nisso antes? Está tão óbvio! Bem aqui no meu nariz!’ Tem também aquele que aprecia visitas em grupos, para discutir ideias acerca da exposição, desde as propostas dos artistas até chegar a um discurso que proporcione sua própria criação, se for do ramo, é claro. Eu gosto de ter uma relação a sós com as obras, já até conversei com algumas e sei, pode parecer caso de hospício, mas é basicamente inexplicável a sensação que sinto diante delas, que me pego em tremendo êxtase me unindo a elas de certo modo, e odeio, mas ODEIO mesmo aquela bendita faixa amarela ou seja lá qual for a cor que colocam para não permitir que os visitantes toquem nas obras. Sabem como é terrível e agonizante olhar um quadro sem poder tocar nele? Ver um objeto estranho e não poder senti-lo em termos de textura, material e tudo mais que tenha direito, quando na verdade, não tem direito, pois não é permitido... Droga! É uma grande decepção, principalmente tratando-se de arte contemporânea e resta-me apenas ficar olhando vagamente á uma distância. Que me desculpem os curadores e demais organizadores de exposições, mas é uma opinião minha na posição de expectadora e sei que muitas pessoas, assim como eu, também tecem múltiplas críticas em relação a estas situações e tem todo direito, porque apreciar arte de longe é um verdadeiro castigo.



Vem-me logo aquela vontade de tocar e saber qual foi o material utilizado, se é leve ou pesado, ou se posso ter em casa, quem sabe. Mas pior ainda é quando não é permitido fotografar determinadas obras, como se fosse um crime com direito a cadeira elétrica (acho que peguei meio pesado agora, né? Rs.). Em alguns casos nem me sinto completamente realizada pelo fato de não ter tocado na obra e confesso que já peguei escondida, sem ninguém perceber, só pra ter o gostinho de saber e sentir a sensação transmitida pelo simples toque no material ali exposto. E sempre tem aquela obra que nos chama mais atenção por ser diferente ou estranha ou que seja do nosso agrado, as sensações e comportamentos causados são diversos.
Já tive a experiência de montar e ser monitora de uma exposição de arte (Uma Gentil Invenção-Projeto ARTE SESC), e foi totalmente incrível, porque ocorre uma troca de conhecimentos muito rica e que soma aos meus pensamentos inúmeras noções de criar e discutir arte, principalmente pelo fato de a galeria (Galeria Antônio Munhoz Lopes-SESC) ter recebido públicos com idades diferentes, desde crianças do pré-escolar até mesmo artistas, que possuem visões bastante opostas; As crianças possuem um lado lúdico encantador e conseguem notar traços bem inocentes, por assim dizer; os artistas e pessoas da área veem a arte como um campo mais aberto para debates, e costumam observar o lado mais técnico da produção apresentada. Eu admito que não entendo muitas coisas, não tenho um vasto conhecimento a respeito de vários períodos da história da arte, alguns não acho interessante e estou sendo franca, e sei que estou dando mal exemplo, mas de uma coisa tenho certeza: cada expectador carrega consigo compreensões e interpretações únicas, que nem mesmo o próprio saiba definir ou nem mesmo o artista tenha pensado naquela interpretação enquanto produzia. Concordam comigo?
Às vezes até me sinto intimidada em debates de arte, mas é importante que cada um defenda seus pontos de vista, negativos ou positivos, de certezas ou duvidosos, pois podem dar origem a novas propostas artísticas de extrema importância para o cenário artístico.



Seja um rato de ateliê! Pensar o contemporâneo é compreender como se comportam nossos pensamentos estéticos hoje e o que regula esse processo.
“Porque a vida, a vida, a vida, só é possível REINVENTADA!”
(Cecília Meireles)

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