Caí por
acaso no curso de Artes Visuais, eu seria uma nutricionista, vejam só... Apesar
do curso não ser totalmente de qualidade, que é normal em todas as
universidades públicas do Brasil, consegui obter conhecimentos e ‘visões mais
maduras’ em relação á arte, devido a alguns professores, como Costa Brava (um
senhor muito simpático, ¬¬’), Cristiana Nogueira e Humberto Mauro (excelentes
fotógrafos!).
Desenho
feito por algum acadêmico de artes, uma homenagem ao Costa, rs.
Ok. Não á
muito tempo recebi a visita de um vizinho que também estuda na mesma
universidade, ele chamaremos de A. (não direi seu nome por grande respeito e
ética, eu acho), formado em Biologia e eu estava cursando o 6º semestre de Artes,
e imaginem o que aconteceu, ele travou uma discussão sobre artefatos artísticos
e a produção e seus objetivos, defendendo uma arte devidamente explicada em
todos os sentidos, pois os leigos (ele sendo um), por não compreenderem,
possuem opiniões que banalizam os significados de determinadas obras, como foi
o caso de uma intervenção que um grupo da nossa turma realizou, intitulada S.O.
S Conhecimento, sendo exposta em frente da biblioteca da UNIFAP, e impedindo a
passagem dos transeuntes naquele momento, e isto causou grande impacto no A., e
ele acabou se envolvendo com a obra, mesmo que da sua maneira, e nem se deu
conta, pois pegou uma tesoura e cortou algumas fitas, mas a verdade é que
talvez estivesse aborrecido por aquilo estar atrapalhando seu caminho. Eu acho
tão rico discutir arte com pessoas que não tem o costume de fazer o mesmo,
assim é possível ver o que eu não vi e assimilar uma nova opinião á que eu já
possuía. Um dos meus argumentos, sem dúvida não deveria faltar é claro, a
questão de que a arte contemporânea traz como uma de suas inúmeras
características a problematização (não que os demais movimentos artísticos não
tenham feito o mesmo, só lembrando.), quebrando tabus em relação aos materiais
utilizados, invadindo os espaços urbanos e ambientes mais inusitados, abordando
temas do cotidiano, propondo discussões acerca dos mesmos. Não sou a favor de
uma arte totalmente explicada, porque creio que perde toda sua essência, aquela
do expectador se envolver e buscar seus próprios conceitos, o que vem a ser
instigante e desafiador, de certa forma, sendo que os argumentos não são
estáticos, vão se construindo a partir de cada olhar, tanto de artistas e
pessoas da área, como daqueles que desconhecem. A arte dá-nos essa total
liberdade de explorar, de pesquisar, de conhecer, buscar compreender o mundo e
a nós mesmos, sem regras ditando o que venha ser certo ou errado.
Segundo o grupo
que realizou o trabalho 'S.O. S Conhecimento', “a obra tinha como proposta
explorar novas possibilidades de acesso ao conhecimento na universidade através
da prática de intervenção artística no espaço da biblioteca, gerando mudanças
na funcionalidade e trazendo questionamentos sobre as informações, troca,
indagações, soluções, construção de saberes das pesquisas dentro desse espaço,
trabalhando a informação do conhecimento no ciberespaço com suas múltiplas
possibilidades de narrativas. A colaboração do expectador aqui é vista como
parte essencial na integração destas práticas que ocorrem somente com a
predisposição do público em participar. Partindo da definição de intervir como:
‘tomar parte voluntariamente em; interpor sua autoridade; tornar-se mediador;
interceder; ingerir-se; ser ou estar presente; assistir, participar’, estes
trabalhos, na maioria das vezes, não possuem a intenção de transformar o espaço
público, mas sim, de estar presente neste espaço levantando questões que
induzam aos estudantes melhores meios de pesquisas.”
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